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quarta-feira, 1 de junho de 2011

NORMAL É SER DIFERENTE!

Quase todos os dias, quando volto da PUC, desce, na mesma parada de ônibus que eu, uma deficiente visual. Ela estuda Pedagogia na nossa instituição e utiliza dois ônibus todos os dias, tanto para ir quanto para voltar da faculdade. Quando cruzo com ela, eu obviamente a ajudo: a atravesso no corredor de ônibus da terceira perimetral, depois a atravesso na sinaleira e a levo à outra parada de ônibus. Vejo também outras pessoas fazerem isto com ela, mas também já a vi fazer esse caminho sozinha. Essa estudante lança mão da sua audição aguçada para atravessar as ruas, e tem sorte por sempre ter acertado. Atravessa aquele corredor de ônibus sem saber ao certo sem tem algum ônibus vindo e, a mesma coisa sobre os carros, quando está na outra sinaleira. Creio que, além de ser acostumada com tal rotina, ela é uma pessoa de sorte.

Com essa descrição, quero chegar no ponto de que a nossa sociedade é feita para pessoas ditas “normais”. Quem possui algum tipo de deficiência quase não tem espaço. Admiro esta moça que quer levar uma vida dentro dos padrões, não deixando que sua deficiência visual atrapalhe isto. Em uma das minhas conversas com ela, no caminho da parada em que ela pega o segundo ônibus, ela já me contou que faz estágio e que, como toda mulher, sonha em casar e ter filhos.

É bonito de ver a coragem que ela tem para enfrentar as adversidades que a vida lhe proporcionou. É, também, lamentável que nem todos os deficientes possuam essa vontade de viver, pois a nossa sociedade os exclui. Assim como ela, existem também deficientes auditivos, deficientes físicos, deficientes mentais, enfim, inúmeros tipos de deficientes que todos os dias lutam para ter uma rotina normal. Nossa sociedade preconceituosa os torna alvo de exclusão. São pessoas que têm dificuldade em inserir-se no mercado de trabalho, em conviver em ambientes sociais, que são motivo de chacota e, até mesmo, possuem dificuldades de locomoção.

Hoje, já existem políticas públicas que visam trabalhar a inclusão destes na sociedade e promover seu bem estar. Como exemplo, podemos citar a política de cotas para deficientes em empresas, reservando de 2% a 5% dos seus cargos para deficitários. Porém, ainda falta conscientização da população em geral. É imprescindível que eles sejam tratados com equidade: são diferentes e devem ser tratados como seres diferentes, pois fechando os olhos para suas deficiências, estaremos excluindo-os.

Em Porto Alegre, conheço apenas duas sinaleiras com alerta sonoro, que avisam o deficiente visual quando a sinaleira está de fato fechada, para eles conseguirem atravessar. Na sinaleira em que a moça que eu cito acima atravessa, não tem. Eles podem ser a minoria, mas isso não significa que deve-se ignorá-los. O governo deveria implantar em todas as sinaleiras um sinal sonoro, pois nunca se sabe onde/quando um deficiente visual vai transitar e ele não deve estar limitado a seu direito de passear pelas ruas da cidade.

Outro aspecto a ser considerado diz respeito aos ônibus para os cadeirantes e as rampas para acesso às ruas. Hoje, é crescente o número de ônibus que está apto para pessoas com esse tipo de deficiência, mas ainda não é o suficiente. Um cadeirante que precisa fazer uso todos os dias de ônibus tem direito de ir à empresa e solicitar que nos horários necessários por ele tenha ônibus com porta especial. Mas isso é de fato suficiente? Acredito que não. Ele deve ter o famoso direito de ir e vir no sentido literal da palavra. Todos os ônibus deveriam ser aptos para os cadeirantes. Não se pode escolher a hora na qual sair ou anunciar quando necessitará da condução. Deve-se sair a hora que se quiser, é assim que todos nós nos comportamos, e com todos deve ser igual.

Enfim, é necessário que aos poucos, nos demos conta dessas lacunas que existem em nossa sociedade e que, aos poucos, consigamos preenchê-las. Afinal, NORMAL É SER DIFERENTE






12 comentários:

  1. Que legall!! Inclusão social é tudo

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  2. Esse é um assunto pra lá de importante nos dias atuais. Percebemos que, de fato, há um crescente investimento em transportes públicos, mas o acesso é limitado nas calçadas e ruas, também.
    O centro de POA é uma vergonha! Eu mesma já presenciei a queda de uma moça com deficiência visual que pisou em uma lajota solta na calçada.
    E, inclusive, poucos foram os que me ajudaram a levantá-la. É o cúmulo, pois a limitação que ruas mal conservadas produz é imensa.
    Isso serve para idosos também, que automaticamente, são excluídos. Com dificuldade para andar, sentem-se inseguros de circular por essas ruas.
    Não há acesso suficiente, tão pouco, para deficientes físicos, como paraplégicos. Os mesmos precisam ir até o fim da quadra para encontrar um acesso para sair ou entrar.
    Há muitas mudanças a serem feitas! Vamos continuar divulgando estas situações que, muitas vezes, passam despercebidas por quem não tem essas limitações. Precisamos da ajuda de todos para, efetivamente, mudar esta situação e incluir estes sujeitos no direito de ir e vir.
    Fernanda Oliveira.

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  3. Muito legal da tua parte abordar esses assuntos que, hoje em dia, são ignorados pela maioria das pessoas!!!vamos nos conscientizar: inclusão social é tudo! SER DIFERENTE É NORMAL!

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  4. penso que o ponto correto para mudarmos tudo isso é a educação. As diferenças tem de ser trabalhadas des da escola, e tambem ser trabalhada com os proprios "diferentes", pois eles tem que saber que mesmo com dificuldades não existem barreiras para quem tem vontade.
    Tarso dorneles
    cego, e futuro educador.

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  5. Pessoal, agradeço os comentários e trocas de ideias. Todas muito válidas!
    Tarso, que legal tua participação! É imprescindível falarmos sobre o que vc colocou, pois,realmente,é preciso educar as pessoas desde cedo, conscientizando-as de que é normal ser diferente e QUALQUER tipo de diferença precisa ser respeitada. Nós precisamos respeitar nossas PRÓPRIAS diferenças e lutar por IGUALDADE EM DIREITOS.

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  6. Tadeu Amaral, estudante de jornalismo UFRGS6 de junho de 2011 às 13:22

    Fernanda a ideia é genial
    que tal falar sobre a campanha que tem nos onibus de circulação em poa?
    fala sobre deficientes e suas condições de exercer cargos como qualquer outra pessoa.
    um beijo

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  7. O blog de vocês está muito lindo! Como comentei na sexta, O NORMAL É SER DIFERENTE. Pois ninguém é igual. É preciso pensar nas direfenças ao invés de negá-las!

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  8. Professora querida! Obrigada pelo incentivo!
    E, quando digo incentivo, não me refiro só a este elogio contagiante, mas, também, sobre esta ideia genial de fazer teus alunos criarem espaços virtuais de reflexão e troca de ideias!
    Com certeza, continuaremos com este blog após o fim do semestre, acreditando na importância de falar sobre as diferenças!


    Adoramos você e a Psico Social!

    Beijos das tuas alunas!

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  9. Tadeu, falei sobre isso ontem com meu namorado! Iremos postar!! Obrigada, continue participando!

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  10. Olá! Sou amiga da Luiza, que me indicou o blog de vocês agorinha no facebook.


    muito interessante os assuntos, quero poder ver mais!!!! XD

    a luiza me comentou sobre o blog e sobre este último texto.

    sou paraplégica desde meus 6 anos, quando sofri um acidente com minha tia e prima em eldorado do sul.

    precisei passar a infância sentada desenhando, durante os recreios, pq na minha iscola não tinha rampas pra eu ir brincar com minhas colegas.


    fiz um trabalho em minha faculdade e mandei para esta mesma iscola le-lo.

    Para minha apreciação, hoje, a iscola está cheia de rampas, até com acesso ás quadras de basquete (meu sonho) e isso me faz sentir bem.


    há apenas 4 alunos cadeirantes, um tendo a idade de 6 anos também.

    para mim é mto gratificante e é importante saber que tem gente que luta por acessibilidade
    como eu!


    VAMOS RESPEITAR AS DIFERENÇAS E PROPORCIONAR A TODOS QUALIDADE DE VIDA!

    Ana Luiza Tomé, 29 anos, Viamão, Rs.

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  11. É visível que, num curto espaço de tempo, Porto Alegre desenvolveu-se quanto ao acesso de deficientes físicos. Se retrocedermos em dez anos a melhora é incontestável. Tanto no investimento em rampas como citado pela Ana Luiza, como em campanhas e políticas públicas. É um direito de todos nos termos acesso a condições básicas de saúde, moradia, trabalho e estudo. Por isso devemos reivindicá-los e não nos conformar!
    A nossa sociedade evoluiu, porém tem muito mais a oferecer. A discriminação ainda é muito presente e o acesso ainda é muito restrito! É só pensarmos em ambientes que mais frequentamos, como a puc, se o acesso de um cadeirante ou de um deficiente visual é fácil, ou ainda, possível.
    Claro que toda essa mudança inicia-se com um processo de conscientização e mobilização!

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  12. Muito bom o texto e muito bem elaborado, esse assunto precisa e muito ser discutido, como a Carine falou, é visível a mudança na nossa cidade de 10 anos pra cá, mas ainda não é suficiente. Ainda há muitos lugares onde pessoas com deficiência não podem ser iguais em suas diferenças, e isso acaba por excluir de uma forma muito cruel pessoas que teriam muito a acrescentar em nossa sociedade. Quem aqui não conhece alguém ou até esteve numa situação em que teve de estar em uma cadeira de rodas devido a algum membro lesionado? Todo mundo sabe como é complicado, e só queremos nos ver livres daquele empecilho logo, mas isso não deveria ser um empecilho, de forma alguma, e isso não se resume apenas aos cadeirantes, mas a cegos, surdos, e todas as pessoas que de alguma forma são excluídas, elas não são diferentes, são pessoas como nós, o problema é que o mundo é adaptado só para as dificuldades de alguns, quando deveria ser feito para todos.

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